quarta-feira, 30 de abril de 2014

The Pig & Pastry

O tempo voltou a fazer das suas e pregou-me (mais) uma partida. A meteorologia previa chuva para hoje... É um facto que choveu de manhã, por volta das 7h30, precisamente quando me ia levantar para caminhar. Deixei-me ficar na cama, convencida de que seria um dia perdido mas como é habitual por aqui a inconstância temporal voltou a manifestar-se. Afinal, o dia inicialmente chuvoso transformou-se num dia solarengo e bastante primaveril. 
Sem planos para passeios (para quê se ia chover) e depois de uma visita ao supermercado para abastecer a dispensa, a tarde tinha de ser bem aproveitada. Onde? Como? Não é nada fácil, se tivermos em consideração que a maioria dos cafés fecha às 15h, anoitece por volta das 17h30 e nem pensar enfiar-me num centro comercial. 'Café' com direito a bolo?! Se bem pensado, melhor feito. O sítio? The Pig & Pastry Cafe, em Petersham, onde almocei há uns tempos atrás. Penso que alguns se devem recordar de uma certa fatia de bolo de ricota e uvas.

Welcome

Aquando da primeira visita chovia, hoje estava sol e a luz natural que entrava pelas janelas iluminava o espaço dando-lhe um toque especial. O ambiente era ainda mais tranquilo do que eu me lembrava, mesmo que logo à entrada estivesse uma mesa cheia de jovens mães com os seus rebentos, em amena confraternização. Informaram-nos que a cozinha já estava fechada (15h) e que só podíamos escolher da montra. Não havia problema porque estávamos ali pela sobremesa e não para almoçar. 

Grupo de mamãs em ameno convívio

Aproveitar o momento

Decoração simples e confortável

Detalhes

Dois cappuccinos, uma fatia de bolo de limão e uma fatia de tarte de ameixa. Escolhemos uma mesa a um canto, onde pudemos saborear tranquilamente o nosso pedido. O meu bolo de limão sabia mesmo a limão, tinha aquele ar de bolo das mães e era húmido como eu gosto. A tarde de ameixa também boa mas como não sou grande apreciadora de massa folhada, não me enchia as medidas. 

Bolo de limão e tarte de ameixa

Cappuccino... já não passo sem ele

À nossa volta, as mesas iam ficando vazias. Há muito que terminara a hora de almoço para os australianos e quem permanecia, aproveitava para conversar e conviver.  Ninguém parecia ter pressas. Entre uma garfada e outra, piadas, frases soltas e sorrisos, uma hora passou a correr e eles iam fechar. Saímos, tirei uma última fotografia e pensei que era, muito provavelmente, a última visita.  

Destino?

Gosto de voltar onde me sinto bem... 

See you soon!

terça-feira, 29 de abril de 2014

Balmain

Um céu azulão e um sol radioso apresentaram-se ao serviço esta manhã. A temperatura era amena e convidava a um passeio. O cenário de um típico dia de Primavera, não fosse dar-se o caso de por aqui estarmos no Outuno (avançado). Claro que não podia ficar em casa, tinha de arranjar um plano, por isso dei uma olhadela aos mapas e guias espalhados pelo quarto. Não foi preciso muito tempo para saber o destino, Balmain.
A 6 quilómetros do centro da cidade, este subúrbio de Sydney fica na península de Balmain e é vizinho de Rozelle, por onde andei há umas semana atrás. Tratando-se de uma zona antiga, é fácil perceber o porquê de tantos edifícios antigos devidamente preservados e hoje considerados património. À medida que percorremos a Darling Street, a principal rua, vemos muitos desses marcos históricos e se uns mantêm as funções iniciais outros são agora morada de cafés, restaurantes, lojas. Contaram-me que a população local se opôs fortemente às tentativas de derrubar alguns desses edifícios para construir centros comerciais e blocos de habitação. 
 
Dois em um: o posto dos correios à esquerda e o tribunal à direita

Balmain working man's institute

West Banc

O quartel dos bombeiros


Fachadas originais preservadas

O passado bem presente

Um dos principais meios de transporte utilizado pelos locais é o ferry, por isso são 3 os cais por onde passam as embarcações que fazem a ligação a Circular Quay e a Darling Harbour. Depois de de percorrer a Darling Street chegámos ao Balmain East Wharf. Um pequeno cais, uma grande vista da cidade e mais uma perspectiva da Harbour bridge. 

Não estava a exagerar, o cais é mesmo pequeno

O centro financeiro de Sydney

Harbour bridge

A paragem seguinte foi no Thames St. Wharf. Igualmente pequeno, este cais tinha um extra: a estrutura inicial para os passageiros se protegerem enquanto esperavam ainda lá está. 

A 'paragem' do ferry original (1895)

A Harbour bridge agora mais afastada

A vizinhança do cais

A manhã tinha passado a correr e a hora de almoço aproximava-se. Regressámos à Darling Street e demos uma volta a ver se alguma coisa ou algum sítio chamava a nossa atenção. O que acabou por acontecer quando uma bonita esplanada razoavelmente ocupada, com um ambiente tranquilo nos piscou o olho. Entrámos e não nos arrependemos. Casual Mondays de seu nome abriu há dois meses e está instalado no edifício da Balmain Uniting Church, por isso ao fim-de-semana de manhã há culto e catequese antes do café abrir ao público. O mesmo espaço, duas entidades e o mesmo fim, a partilha de bons momentos (digo eu). As nossas escolhas? Para mim, um sumo de laranja e cenoura e um wrap com ovos mexidos, cogumelos e molho de tomate. Ao meu lado, um cappuccino e um muffin de manga e pêssego. A opinião foi unânime: aprovado. Os meus ovos mexidos estavam no ponto, macios como eu gosto. Os cogumelos saborosos e o molho de tomate era qb para dar o toque. 

Casual Mondays cá fora

e lá dentro


A dupla cappuccino e muffin

My lunch
 
Antes do regresso a casa, ainda houve tempo para um 'salto' até Drummoyne, outro subúrbio vizinho. Um cantinho mesmo junto à baía foi o palco escolhido. Dois dedos de conversa, sem pressas e com aquela paisagem, fizeram o resto.

O cenário escolhido depois de almoço

See you soon! 

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Yum Cha

Depois de um Sábado solarengo, um Domingo chuvoso. Confesso que já nem ligo ao tempo. As trocas e as baldrocas do senhor São Pedro são tantas que é tempo perdido estar a pensar muito no assunto. O que não quer dizer que às vezes não tenhamos de o fazer.
A ideia original era ir comer uns scones a um sítio giro, com bonitas vistas e dar um passeio ao ar livre mas os planos seriam furados. A solução? Yum Cha. Quando me sugeriram esta alternativa, aceitei de imediato mesmo não fazendo a mínima do que se tratava. Lá fui eu fui googlar.
Traduzido à letra do cantonês, yum cha significa beber chá. Na prática traduz-se numa refeição feita de manhã ou à tarde em que se bebe chá e se servem pequenos partos (dim sum), que substituem o pequeno-almoço, o almoço e o lanche. O objectivo é reunir a família à mesa e conversar enquanto se come e bebe (soa-me familiar). Com a 'exportação' da comida chinesa para todo o mundo, o yum cha acabou por ultrapassar as fronteiras asiáticas e conquistar adeptos um pouco por todo o lado. Na Austrália, nomeadamente em Sydney, o yum cha é servido ao almoço. Fui experimentar!
O restaurante escolhido foi o Rhodes Phoenix, no Rhodes Shopping Centre. Quando chegámos, a fila era enorme e a senha que nos deram tinha o número 54. A sala estava cheia, as mesas tinham cinco, seis ou mais pessoas. A grande maioria eram asiáticos (famílias) mas também havia bastantes australianos. Pensei que a chuva lá fora e o facto de ser o último dia de férias da escola fossem responsáveis por tamanha afluência. Estava errada. Disseram-me que era sempre assim e que, às vezes, era preciso aguardar uma hora por uma mesa. Não foi isso que esperámos mas quase. 

A estreia no yum cha

Quando chamaram o 54 ao microfone (sim, foi mesmo assim), apresentámo-nos e fomos conduzidos à nossa mesa. Pedimos chá verde, como manda a tradição, e chilli. A partir daí ficámos por nossa conta. Empregados circulavam pela sala com carrinhos onde transportavam a comida e paravam junto das mesas, perguntando se queríamos alguma coisa. A oferta era muita e variada. 'Dumplings' (vegetais, camarão, cogumelos) cozinhados ao vapor e servidos em pequenos cestos de bambu. 'Buns' de 'pork belly' (pequenos embrulhos de massa com bocadinhos de barriga de porco estufados). Patas de galinha. 'Spring rolls'. Legumes verdes ao vapor. Carnes (porco, galinha) assadas. 'Congee porridge' (uma espécie de sopa de arroz muito pastosa). 'Noodles' de arroz. Amêijoas. Tudo cozinhado ao vapor ou frito. Os pratos traziam normalmente 3 ou 4 itens para partilhar. Claro que só provei algumas coisas (muita variedade) e não memorizei todos os nomes. Optámos por dumplings de espinafres, de marisco, de camarão e de cogumelos, 'spring rolls' e 'wontons' de camarão. Cada pedido era anotado pelo empregado numa folha que estava na nossa mesa.
O chá era servido num bule e quando acabava, o empregado acrescentava mais água a ferver. O conteúdo do bule não era renovado. Como forma de agradecimento, batíamos com a mão na mesa. Explicaram-me que é o comum, uma vez que as pessoas podem estar a comer e não se fala com a boca cheia.

Spring rolls, dumplings de camarão, espinafres, camarão e marisco (da esquerda para a direita, de cima para baixo)

Um dos muitos carrinhos que circulavam

No campo das sobremesas, a nossa escolha recaiu no 'sai mai lo' (pudim de tapioca) e nuns rolinhos verdes feitos com farinha de arroz, envoltos em coco e recheados com creme e meloa. A tapioca era feita com sumo de manga e tinha pedaços de fruta. Fresca e doce qb. A massa dos rolinhos era um pouco pegajosa e fofa ao mesmo tempo. Também pouco doce porque o creme e a meloa compensavam. Curioso foi o facto de ver taças com gelatina no carrinho das sobremesas. 

Rolinhos doces de farinha de arroz

Tapioca

Gostei dos sabores e das texturas. O contraste do doce com o salgado no mesmo prato é muito característico na cozinha asiática. Não é apreciado por todos e para os ocidentais, especialmente os portugueses, pode ser é um sabor estranho. Comer um pão doce (tipo pão de leite) recheado com cogumelos saltados pode não agradar a muita gente. Sim, experimentei e, assumo, não é mau de todo. 
Alguém conhece yum cha em Portugal?

See you soon!

sexta-feira, 25 de abril de 2014

25 de Abril

25 de Abril é uma data importante na história de Portugal e da Austrália, cheia de simbolismo e de memórias que devem ser preservadas e recordadas pelas gerações mais novas. Hoje é feriado aqui e aí.
Não vou assistir às celebrações dos 40 anos da Revolução dos Cravos. Confesso que não tenho paciência para ouvir os discursos e ver na televisão os directos mas há qualquer coisa neste dia... Nasci em liberdade e em democracia. Não conheci outra realidade e ainda bem, devo-o às conquistas de Abril. Estou-lhes grata. Lamento é que muitos se tenham esquecido delas e outros não lhes dêem o devido valor. Em Portugal, infelizmente, a memória tende a ser curta e depressa esquecemos as lições da história. Para muitos, o calendário assinala apenas mais um feriado.

Cravos vermelhos

Na Austrália e na Nova Zelância assinalam-se os 99 anos do ANZAC Day. Foi neste dia, em 1915, que dezenas de milhares de soldados do ANZAC (Australia and New Zeland Army Corps) e do Reino Unido perderam a vida em Gallipoli, na Turquia, na I Guerra Mundial. Por causa de um erro, desembarcaram a cerca de 9 milhas do ponto correcto e foram atacados pelas tropas turcas. Ao final de 8 meses, os aliados acabaram por retirar. 
As cerimónias oficiais decorrem por todo o país, na Nova Zelândia e em Gallipoli e prestam homenagem a todos os que combateram pela pátria. O primeiro acto oficial está marcado para o nascer do dia. Em Camberra foram mais de 20 mil os que fizeram questão de estar presentes. Em Sydney eram 4h15 da manhã quando a cerimónia teve início na Martin Place. Entre as 9h e as 13h, decorreu nas principais artérias da cidade a parada dos veteranos de guerra (Coreia, Vietname, Afeganistão, Iraque, Timor Leste,...). Até há bem pouco tempo ainda havia representantes da II GGM. As ruas estavam cheias de pessoas que fizeram questão de assistir. Eu também era para estar e tirar fotografias para ilustrar este post mas São Pedro resolveu fazer das suas. Choveu torrencialmente durante toda a manhã e nem assim a assistência arredou pé. Às 17h, teve lugar a cerimónia de encerramento também na Martin Place. Em 2015 assinalam-se os 100 anos.
 
ANZAC Memorial no Hyde Park

No fundo, penso que gostaria de ver em Portugal o sentimento de união e respeito que vi por aqui neste dia. Recordar o passado é importante para que possamos viver o presente e planear o futuro sem cometer os mesmos erros. 

See you soon!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Bondi to Coogee Walk

O cansaço da véspera ainda dava sinais mas lá fora o sol desafiava-me. Há muito que queria fazer o Bondi to Coogee Walk e como a minha estória com Bondi não tem sido fácil (só à terceira visita é que não apanhei chuva), não queria desperdiçar a oportunidade. Mais quilómetro, menos quilómetro não há-de fazer grande moça, pensei. Saltei da cama, arranjei a mochila e lá fui eu. Depois de uma Segunda-feira nas montanhas, a Terça-feira seria dedicada ao mar e à(s) praia(s).  
Apanhei o comboio para Bondi Junction e caminhei até Bondi Beach, o ponto de partida para o meu passeio à beira-mar. Estavam percorridos os primeiros quilómetros do dia, 3 para ser mais exacta. A praia estava, como seria de esperar, ocupada por famílias, miúdos de férias e surfistas. O sol, a temperatura agradável e a ausência de vento convidavam a um mergulho no Pacífico e garanto-vos que muitos pensaram como eu. Sentei-me por uns momentos na relva, respirei fundo e senti imediatamente o cheiro a maresia. Saudades do meu Atlântico lá tão longe...  

A praia de Bondi, à direita...

ao meio...

e à esquerda

Antes de começar andar, vamos às explicações. O Bondi to Coogee Walk é uma caminhada de 6 quilómetros que liga as praias de Bondi e Coogee. Pelo meio, passamos pelas praias de Tamarama, Bronte e Clovelly. Ao fim-de-semana, é a escolha de muitos sydneysiders para a corrida matinal ou o passeio em família. Os turistas também são uma presença constante e adoram parar em todo o lado para fotografar. Como fui à semana, evitei a confusão. 
A primeira etapa é Bondi - Tamarama. Começamos junto ao Bondi Icebergs, um clube muito popular na região, e logo ali somos obrigados a parar para contemplar a praia de Bondi. O mar está cheio de pontinhos que não conseguimos ver com nitidez mas sabemos que são surfistas a aproveitar as ondas da manhã. Seguimos viagem, subimos e descemos, sempre na companhia do mar. Paro aqui e ali para fotografar. É impossível não o fazer, por exemplo no Mackenzies Point, onde o vento nos diz que estamos bem altos. Ou na Mackenzies Bay que tem uma das mais pequenas praias do estado e que só se vê quando a maré está baixa. Naquele dia estava. 

Ao longe a praia de Bondi e  os surfistas no mar

Bondi Icebergs - o ponto de partida oficial

A caminho de Tamarama

Mackenzies Bay

Chegamos a Tamarama depressa e sem nos cansarmos muito. Os primeiros 1,2 quilómetros fizeram-se bem. A praia está praticamente vazia mas aqui e ali ainda vemos alguns resistentes e surfistas. Iniciamos a segunda etapa, a mais curta de todas. Apenas 700 metros nos separam de Bronte Beach. 

Tamarama Beach, ao perto...
e ao longe

Bronte Beach é mesmo ali ao lado

Mais do mesmo. Surfistas no mar, pequenos e graúdos na areia, donos e cães no passeio. Todos procuram desfrutar da melhor maneira o belo dia de Outono. Eu dou início à terceira etapa: Bronte  - Clovelly, a maior com os seus 2,2 quilómetros.

Praia e parque lado a lado

Há quem prefira os banhos de sol na relva

Uns mergulhos na rock pool de Bronte

Deixamos a praia para trás, subimos até à estrada principal e estamos na Calva Reserve, onde podemos ver Bondi e Coogee (bem) ao longe. Pela frente espera-nos um passadiço com 500 metros de comprimento, sobre uma falésia, que nos irá levar ao Cemitério de Waverly. Só o som do mar quebra o silêncio que se 'ouve' ao longo do percurso.

O Cemitério de Waverly faz parte do percurso

A altura impõe respeito

Bondi, Tamaram e Bronte já ficaram para trás

Damos a curva e Clovelly está mesmo ali. Mais uma etapa concluída com sucesso. Uma praia pequena, muito procurada no Verão mas pouco frequentada quando por lá passei. Fica protegida e facilmente passa despercebida. Um segredo bem guardado. Sigo em frente e entro finalmente na última etapa: Clovelly - Coogee (1,8 quilómetros). Confesso que foi a que mais custou por causa dos altos e baixos do trajecto. Mas valeu a pena porque as paisagens compensaram o esforço. Cheguei a Coogee satisfeita.

Clovelly Beach

A piscina, presença habitual nas praias

Coogee ao longe

Gordon's Bay

Coogee Beach


Desço até à praia sem pressas, com o sentimento de dever cumprido. Sento-me num banco, descanso e contemplo o mar. Feito.

See you soon!